FORMAÇÃO MORAL DA CRIANÇA
Os quatro ou cinco primeiros anos de vida da criança são anos cruciais no seu desenvolvimento moral. É nestes anos que o cérebro cresce 2/3 do seu tamanho final e evolui em capacidade num ritmo maior do que no resto da vida. Estes são então os melhores anos pra se aprender conceitos morais, os quais a criança utilizará para se relacionar socialmente por toda a vida.
Apreender conceitos morais significa receber de pessoas com as quais se relaciona afetivamente, limites necessários à vida em sociedade, bem como interiorizá-los e aplicá-los. Porém tais limites não podem ser impostos à criança.
· Quando agimos com a criança autoritariamente, fazendo com que ela obedeça sem pensar, submetendo-a ao nosso poder e vontade estamos lhe transmitindo a lei do mais forte, onde um impõe ao outro à força seu modo de pensar o mundo.
· Quando por outro lado, se deixamos a criança completamente solta, livre para fazer o que quiser com as coisas e as pessoas, estamos lhe ensinando que em qualquer situação sua vontade deve prevalecer, caso contrário “aja como quiser”. E ela vai agir com tanta agressividade quanto a situação “exigir”.
Ao passo que se a criança for desde cedo aprendendo lições de autonomia (liberdade com responsabilidade), se responsabilizando por seus atos, ela estará melhor preparada para conviver socialmente ao longo da vida.
A liberdade total e o autoritarismo podem e muito contribuírem para despertar e alimentar a agressividade da criança. Uma vez que tais formas de “educar” transmitem à criança uma idéia de abandono, a coloca frente ao sentimento de solidão.
AGRESSIVIDADE: DE ONDE VEM E PRÁ ONDE VAI
RAÍZES DA AGRESSIVIDADE
Ø Um temperamento explosivo(temperamento não é destino);
Ø Um “trauma emocional” (passa a ficar agressivo);
Ø Não ter seus sentimentos respeitados e compreendidos e não receber alternativas de como agir(Ex: Entendo que você esteja magoado com o seu colega, como podemos resolver isso?)
Ø Reproduzir modelos de agressividade(Criança que assiste brigas aprende a brigar, a se desmerecer e a culpar o outro por sua desgraça sem ter forças para mudar.)
Ø Não receber limites (Baixa tolerância à frustrações, reage agressivamente)
Ø Ter em relação a si mesmo sentimentos de inutilidade e desamparo (O sentimento de desamor e o abandono conduzem à violência como resposta à falta de amor)
Ø Pais muito críticos, severos em seus castigos e que ameaçam seus filhos podem gerar nos filhos uma postura de frieza em relação aos sentimentos do Outro (Não se preocupa com o que o outro sente, uma vez que ninguém se preocupa com ele)
A criança, seja lá qual for o seu temperamento, deve ser vista como criança. E como tal precisa de cuidados, respeito aos seus sentimentos, limites, liberdade com responsabilidade e acima de tudo precisa se sentir amada.
Se a criança percebe que é respeitada, compreendida e aceita, aprende a fazer o mesmo em relação aos outros. Esta é a lição que vai carregar consigo para todas as relações sócio-afetivas que vai estabelecer ao longo da vida.
Nós só confiamos naqueles que nos respeitam e amam. E só aprendemos a amar se nos sentirmos aceitos e amados.
A QUESTÃO DO LIMITE ONTEM E HOJE
POR QUE É TÃO DIFICIL PARA OS PAIS DIZER “NÃO”?
No passado o limite era castrador. Filhos de uma geração ditadora, onde o pai era uma figura intocável e ameaçadora e as mães tinham que impor os limites rigidamente para que fossem respeitados e nada saísse errado,sentiram na pele os efeitos da educação punitiva e castradora. A educação do “NÂO PELO NÂO”.
O que aconteceu com esses filhos?
Essa geração de filhos cresceu, saiu de casa para terem filhos e tiveram. Tornaram-se pais com muita dificuldade de colocar limites em seus filhos. Procuraram “fazer diferente”, adocicar a relação, serem mais próximos afetivamente de seus filhos, serem bonzinhos para não traumatizar os filhos. Inauguraram assim a era do “SIM”.
Saíram de um extremo para outro.
Quando os filhos passam da conta, eles muitas vezes, aversos à proibição e com medo de reprimir, deixam de corrigir. Eles perderam as rédeas da situação. As rédeas da educação.
Os filhos passam dos limites. E quando vem um “NÂO”, este vem em momento inoportuno, quando os pais perdem a paciência. Vêm de acordo com o humor dos pais. E a criança encontra sempre formas de lidar com o humor dos pais e driblar as leis. Eles se tornam ótimos estrategistas. Mas inadaptados socialmente.
Porém o contrário também pode acontecer: O excesso de “NÂOS” e de limitações pode fazer com que a criança transmita aos outros a agressividade que tais medidas lhe provocam.
O que seria então efetivamente educativo?
O ideal seria o equilíbrio de duas palavrinhas mágicas: “LIBERDADE E RESPONSABILIDADE”. O que traduziríamos como: ‘AUTONOMIA”.
AUTONOMIA: Capacidade de escolher o que vai fazer e se responsabilizar pelas conseqüências de sua escolha, de seu ato.
EDUCAÇÃO PARA A AUTONOMIA
É necessário que o educador permita que a criança faça suas próprias escolhas e possa por elas se responsabilizar. É preciso que se pague o preço de cada escolha feita. Ou seja, que ela possa arcar com as conseqüências que sua escolha vai lhe trazer.
Toda escolha tem seu preço. Quando se escolhe uma carreira, abre-se mão de outras. Esse é o preço que se paga. Essa é uma lição que nossas crianças precisam receber. Caso contrário... Paga-se um preço.
Pesquisa realizada pelo Orientador Educacional Marcus Vinicius-E.M.Renato Azevedo-Cabo frio
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